Pr. Antonio Gilberto
Em Lucas 17.26-30, encontramos um aviso do Senhor Jesus sobre os males
do secularismo e seu avanço como um sinal da proximidade de Sua Segunda
Vinda. Afirma Jesus no versículo 26: “Assim como foi nos dias de Noé,
assim será nos dias do Filho do Homem”.
O que acontecia nos dias de Noé que se assemelham aos nossos dias?
Afirma Jesus: “Comiam, bebiam, casavam e davam-se em casamento”, v27. A
expressão “casavam e davam-se em casamento” quer dizer, literalmente,
casar e descasar-se seguidamente. Perceba que não há qualquer menção a
Deus nessa passagem. O homem preocupa-se apenas consigo mesmo. Ele é o
centro de tudo. Isso é homocentrismo, hedonismo, humanismo,
existencialismo, secularismo.
Sobre os dias de Ló quando da destruição de Sodoma e Gomorra, que se
assemelham também aos nossos dias, conforme palavras de Jesus, é dito
que “Comiam, bebiam, compravam, vendiam, plantavam e edificavam”, v28.
Perceba quem,aqui, no versículo 28, o casamento já não é mais
mencionado, a prioridade é o lazer e o passatempo, e Deus mais uma vez
não é mencionado no contexto social.
De Noé a Ló, do contexto social aludido no versículo 26 ao aludido no
versículo 28, são mais de 400 anos. O tempo passou, mas o homem não
mudou, e ainda hoje é o mesmo, porque a sua natureza é pecaminosa.
Jesus disse: “Mas no dia em que Ló saiu de Sodoma...”, v29-30. Veja o
versículo 31: “Assim será no dia em que...”. Ou seja, os dias que
antecedem a Segunda Vinda de Jesus serão semelhantes aos dias da saída
de Ló de Sodoma.
O que é secularismo? Termos afins a este conceito são materialismo,
humanismo, racionalismo, consumismo, existencialismo, religionismo,
nominalismo e mundanismo. Secularismo é o inverso da espiritualidade
bíblica na vida do crente. Secularismo é, no caso da vida da igreja, uma
forma sutil, capciosa, ardilosa e disfarçada de corrupção na igreja.
Seus pecados são, na maior parte, pecados do espírito.
O secularismo exerce grande atração, fascínio, enlevo e efeito
anestésico sobre inúmeros cristãos e inúmeras igrejas. A advertência da
Palavra de Deus para esse tipo de coisa é: “Afasta-te” (2Tm 3.5).
Há vários textos bíblicos correlatos a esse assunto. Em João 15.19 e
17.14-16, encontramos o termo “mundo”, que é “kosmos” no grego. O crente
e o mundo (como sistema maligno) não devem ajustar-se, harmonizar-se,
identificar-se, comungar um com o outro. Em Romanos 12.1-2, mundo é, no
original grego, “aion”. Em Efésios 2.2, Paulo fala que não devemos andar
como dantes, “segundo o curso deste mundo (kosmos)”. Em 1 Coríntios
2.12, ele nos alerta sobre “o espírito do mundo (kosmos)”. Em 1 João
5.19, o apóstolo João assevera que “o mundo (kosmos) está posto na
maligno”. Em 1 João 2.15-17, enfatiza: “Não ameis o mundo (kosmos)”.
Esse é um amor mórbido, doentio, amor-mentira. Há muitos outros textos
correlatos, como Tiago 4.4 e Gálatas 6.14.
Em 2 Timóteo 4.10, Paulo conta que Demas se perdeu, “amando o presente
século (aion)”. Demas foi um obreiro que amou o secularismo.
O secularismo é como um fermento agindo na massa. Paulo lembra em 1
Coríntios 5.6 que “um pouco de fermento faz levedar toda a massa”. O
fermento de que Jesus falou tem muito a ver com o secularismo dentro da
igreja. Jesus falou de três tipos de fermentos. Vejamos a seguir.
1) O fermento dos fariseus (Mt 16.6 e Mc 8.15). Os fariseus eram
formalistas, religionistas, ritualistas, nominalistas. Eles endeusavam
as obras.
2) O fermento dos saduceus (Mt 16.6). Os saduceus eram racionalistas,
agnósticos, céticos, materialistas, humanistas. Não criam no miraculoso,
no sobrenatural.
3) O fermento de herodes (Mc 8.15). Os herodianos eram liberalistas,
iconoclastas, modernistas, politiqueiros, secularistas, irreverentes. Os
herodianos profanavam o dia do Senhor.
O fermento na Bíblia representa a corrupção espiritual, agindo
ocultamente na massa do povo. A Bíblia fala da corrupção doutrinária
(1Tm 4.1), da corrupção no culto, inclusive no louvor e na adoração,
como nos dias do Antigo Testamento, e da corrupção no ministério. Alguns
exemplos de hoje são a igreja ecumênica, o culto ecumênico, a bíblia
ecumênica, o ministério ecumênico etc.
O secularismo e o balaamismo na igreja estão interligados. Balaão foi
um estranho profeta-adivinho do Antigo Testamento (Nm 22.5; 23.7;
25.1-3; 31.8,16; Dt 23.4 e Js 13.22). O balaamismo é uma forma de
secularismo atuando no Antigo Testamento. O secularismo na “doutrina de
Balaão” (Ap 2.14) é a corrupção doutrinária, a qual leva à corrupção do
culto e do povo. O texto bíblico fala: “Diante dos filhos de Israel”. É a
mistura da igreja com o mundo, como se fosse um só povo.
O secularismo no “caminho de Balaão” (2Pd 2.15) é o profissionalismo
material, uma ambição doentia por cargos e consagrações, o mercenarismo
religioso, o mercantilismo nas coisas santas do Senhor, a “torpe
ganância” citada várias vezes nas Epístolas.
O secularismo no “engano de Balaão” (Jd 11) é a dependência do
raciocínio puramente humano, do intelectualismo humano nas coisas do
Senhor. Por exemplo: interpretar as Escrituras pelo raciocínio humano
somente, administrar a obra de Deus pelo saber humano, e julgar e
decidir as coisas do Senhor apenas pelo raciocínio humano.
Devemos nos lembrar que, à luz da Bíblia, alguns “materiais” são
imprestáveis na edificação da Igreja. Nesses “materiais”, temos lições
preventivas sobre os males do secularismo na igreja. Se não, vejamos:
1) A igreja é comparada a um edifício espiritual em construção. “Eu
edificarei a minha igreja”, Mt 16.18. “Sois edificados casa espiritual”,
1Pd 2.5. Podemos ver também essa verdade em Efésios 2.20-22 e 4.12.
2) Em 1 Coríntios 3.10-17, três dos seis materiais mencionados (v12)
são impróprios para a edificação da Igreja do Senhor: madeira, feno e
palha. São materiais efêmeros, baratos e reprovados por Deus. No sentido
figurado da Escritura, esses materiais estão repletos de traiçoeiro
secularismo (com outros nomes).
3) Os materiais aprovados por Deus são ouro, prata e pedras preciosas (v12). São materiais duradouros, custosos e especiais.
Na semana que vem, daremos continuidade a este importante assunto, falando dos agentes promotores do secularismo nas igrejas.
Fonte: CPADNEWS
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